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Se você está pensando em viajar com seu filho, mas acredita que com bebês deve ser muito difícil, por favor, leia esta experiência de uma jornalista e mãe que foi para Nova York com sua filha de 9 meses (na época) e pode te falar com PROPRIEDADE: não foi só maravilhoso. Foi perfeito!
Mas, Dani, você está louca? Perfeição nem existe.. quanto mais viajar com um bebê tão pequeno para tão longe. Talvez você esteja pensando isso.
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Resumo do roteiro com a baby Júlia em Nova York
Primeiramente, contextualizando: eu, meu marido e minha filha Júlia passamos 14 dias em NYC. Primeira vez nossa lá. Tirando os 2 dias de aeroporto,12 dias inteiros na cidade. Tivemos muito tempo para conhecer várias partes de um lugar que, sério, é absolutamente encantador.
A viagem foi dividida em 3 partes. Começamos na Ilha de Roosevelt (depois de terminar a leitura, clique aqui pra ler sobre a pequena linda Ilha de NY que não deveria jamais passar despercebida dos viajantes).
Depois partimos para Manhattan, na região de Midtown, onde está a Times Square e vários outros pontos turísticos.
Por último, descemos rumo à ponta da Ilha de Manhattan. No bairro Chelsea, conhecemos muita coisa: Da High Line ao One World Trade Center (falando nele, terá post, porque foi uma das experiências mais impactantes pra mim até hoje).
Por que esse roteiro? Explicando melhor: NY é imensa. Composta de 5 distritos, provavelmente o mais famoso para você é Manhattan, não por acaso um dos principais centros comerciais e culturais do mundo. Mas temos Queens, Brooklyn, Staten Island e Bronx.
Então, para conseguir andar e conhecer os pontos turísticos sem precisar pegar muitoUber ou metrô, optamos por ficar em 3 hotéis nessas regiões que consideramos estratégicas e, assim, fizemos a maioria dos passeios a pé.
Bom, somada à geografia de NY, Júlia na história nos fez estender a viagem que pode ser feita em 7, 8 dias. Com bebê, não é tão fácil aquele turismo de acordar 6 da manhã e fritar o dia inteiro. O foco: curtir com calma e segurança.
Logo, agora que você captou o geral da trip, vou compartilhar dicas e reflexões. Quero não só te ajudar a organizar a sua viagem, mas te inspirar a abrir a mente para várias coisas na vida!
Voltando um pouco na linha do tempo: quando uma mulher engravida, ela ouve muitas coisas. Boas e outras meio… sem noção. Como o “nunca mais”. Nunca mais o corpo volta. Nunca mais vai dormir. Nunca mais vai viajar.
Mas o problema não é o “nunca”. É o tom apavorante e negativo que ele carrega na voz da pessoa que vive a maternidade DELA. Não a SUA. Da sua VOCÊ é protagonista.
Impressionante como existe um funcionamento social que sutilmente impõe que você opere naquele modelo. Uma forma tão posta de lidar com as coisas que nem cogitamos que existem outros jeitos de viver a vida. De criar nossos filhos. De ser mãe.
Mas existe. Desde que comecei a construir a MINHA maternidade, a vida está sendo uma jornada linda, desafiadora e transformadora! E para muito além do ser mãe!
E viajar faz parte. Antes de mãe, sou filha de caminhoneiro. Eu, criança, andei de caminhão por todo o nordeste brasileiro. Dormindo nos postos de gasolina, na rede amarrada entre a carreta do meu pai e do meu tio. E comendo miojo. A vibe exploradora está na minha alma.
E não mudou com a maternidade. Só ficou sumida nos primeiros meses pós nascimento da Júlia. E do nascimento da Daniela mãe… Puerpério é um desorganização completa da vida. Mas as coisas se ajeitam.
Agora, escrevo para você emocionada. Ao lembrar da Júlia rindo para as aeromoças, batendo palminha e olhando cada pedacinho das ruas da cidade. Com aqueles olhos tão lindos, vivos, curiosos. Acordando sem rumo depois de uma soneca de 3 horas na Times Square. Sim, ela dormiu no meio do centro mais movimentado do mundo.
Durante a viagem, também emocionei. Olhei para a Juju e relembrei a história de como ela chegou a este mundo, lembrei do meu pós-parto desafiador e desesperador em alguns dias. Orgulhei-me da superação de dias muito difíceis. Respirei profundamemte o amor mais magnífico que já senti, o amor pela minha filha.
Foi muito mais que uma viagem.
12 dicas para viajar com bebês
Bom, compilei dicas para te ajudar a viajar com seu bebê, seja para NY ou outro lugar. Coisas que aprendi antes, durante e depois da viagem.
- Comida no avião: você pode levar! Há essa exceção. Só vão inspecionar no raio-x. Leve frutas, fórmula (se você não amamenta) e/ou papinhas! Assim não paga 19 reais na salada de frutas no aeroporto. Ah, algumas companhias aéreas têm cardápio baby também, confirme com a sua.
- Carrinho de bebê: para bebês de colo, super importante levar. Haja corpo para carregar o neném dia todo e ainda turistando. Alguns carrinhos menores nem são despacháveis. Verifique se o seu é! Se for, relaxe: o bebê tem direito a despacho gratuito de bagagem. E o bom é que o carrinho fica com você até entrar no avião!
- Locomoção na cidade: nós decidimos levar o bebê conforto por receio de não encontrar Uber com o assento obrigatório. E, olha, melhor coisa. Quando pedíamos Uber, já instalávamos e pronto. Tirando isso, andamos muuuito. Uns 20 quarteirões por dia. Verifique o melhor trajeto para turismo onde for e adeque.
- Documentos: para os EUA, é preciso o visto do bebê. Programe-se para emitir.
- Berço no avião: sabia que existe? E que maravilha do mundo moderno! O berço fica em assentos especiais e é possível reservar dias antes do vôo de forma gratuita, mas a chance de conseguir é pequena, porque são lugares disputados. Reservamos antes pelo preço de 1.500 reais ida e volta no vôo de maior duração, que seria 9hrs: Campinas->Orlando e, na volta, Ford Lauderdale->Campinas. Encarece a viagem? Sim, mas é um SUPER investimento. Se tiver condições, recomendo para vôos longos. Ah, lembre-se: o berço aguenta o limite de peso de 11kg.
- Comunicação em outra língua: se tiver dificuldade, anote num bloco de notas frases, solicitações e mensagens importantes em caso de situações urgentes. Exemplo: seu bebê está com dor e precisa de ajuda.
- Contatos: anote telefones urgentes no bloco de notas e deixe sempre visível no celular. Eu anotei os da companhia aérea e de hospitais.
- Comida no local: Júlia foi na fase da Introdução Alimentar. Eu ainda estou amamentando, então oscilamos entre peito e comidas. Funcionários gentis dos hotéis preparavam pratinho de frutas. Almoço e janta não encontramos muitas opções nos lugares. Então compramos papinhas orgânicas no Whoole Market, supermercado que vende coisas saudáveis. Mantivemos toda a rotina de sono e alimentação dela, com algumas margens de erro óbvias por conta de estar fora da rotina.
- Saúde do bebê: converse com seu pediatra sobre a viagem, veja quais remédios deve levar. Verifique se as vacinas estão em dia. Olha só: os EUA pedem o cartão internacional de vacinação contra a febre amarela. E exatamente no dia da vacina estava marcada a viagem. E não é recomendado adiantar a vacina de febre amarela antes de 9 meses. Então tivemos que pedir autorização da pediatra.
- Se for para NY: atendimento prioritário não existe. Achei muito estranho, mas nós com bebês de colo, gestantes e idosos não temos prioridade. Prepare-se para enfrentar filas no check-in, nos restaurantes e por aí vai. E acessibilidade também não é lá essas coisas. Fortaleça os braços para carregar o carrinho nas escadas.
- Movimente. Dica muuuito importante! Acostume seu corpo e sua mente e o da sua família à vida fora do trocador, do berço e do aconchego da sua casa. Desde os 30 dias de vida da Júlia, saímos muito com ela. Shopping, clube, viagens por aqui perto, barzinhos. E só quem é pai e mãe sabe como sair com bebês exige planejamento e paciência. Por isso é super fácil desistir e ficar em casa. Mas se você quer viajar com seu filho, movimente. A primeira vez que saí com Júlia parecia uma viagem internacional. E ela ainda estava pendurada no peito 24hrs por dia, rs. Mas de viagem em viagem, a mala foi diminuindo de tamanho. E quando chegou viagem internacional, ela nunca esteve tão leve.
- O seu olhar. Saiba que a viagem vai ser do jeito que você vê as coisas na vida. Se vê com dificuldades, como tudo sendo difícil, cansativo, acredite: a viagem vai ser horrível. Ressignifique sua percepção da vida e do maternar.
O bebê vê o mundo através de nós. Como queremos ver o mundo?
É impressionante como o bebê, pelo menos ali nos primeiros meses de vida, é reflexo da gente. Se eu estou estressada e ansiosa, Júlia imediatamente fica igual.
Viajar vai exigir de você muita disposição, organização, planejamento, inteligência emocional para lidar com perrengues. Então relaxe. Respire. A palavra-chave é: LEVEZA.
Acha que não tivemos perrengues? Quase não embarcamos no primeiro vôo… queriam nos tirar porque alegaram atraso mosso (não é verdade). Perdemos o vôo de Orlando para NY porque a companhia aérea não incluiu a Júlia. Quase perdemos as malas em Campinas, as jogaram em uma esteira aleatória sendo que fomos avisados de que seriam despachadas até NY. E depois acabaram chegando antes de nós em NY porque não embarcamos. Depois chegamos em NY e mais algumas horas para achar as malas.
Varios perrengues. Ansiedade e medo? Claro! Mas é respirar fundo e focar na solução. A vibe da família era tão autêntica e certa do que estava fazendo, que nada, NADA atrapalhou.
Resultado: Júlia verdadeiramente curtiu! Olhinhos brilhando, feliz como a gente estava.
Filhos precisam de pais e mães emocionalmente bem. Felizes. Que cuidem bem de seus bebês, mas que se cuidam, se amam e fazem as coisas que gostam de fazer.
Eu duvido de quem diz que a Júlia não vai lembrar. Ela vai. Não da Times Square ou da Brooklyn Bridge, não é sobre o lugar. É sobre a experiência sensorial e emocional de toda a jornada. O que ela viveu se transformou em pedacinhos de memórias que, armazenadas em seu cérebro, farão parte do seu desenvolvimento. Memórias que serão evocadas nos momentos certos.
Quando ela precisar lembrar que a vida pode ser mais leve. Que deve seguir rumo ao que faz seus olhos brilharem. Sou muito orgulhosa por termos construído essas lembranças juntas!
Memórias de amor, resiliência, paciência. Que se transformaram em aprendizado e nos transformaram como pessoas. Isso que vale. Por isso, foi perfeito.
Você que leu até aqui: não sei se é pai ou mãe, mas é filho. Espero que tenha mudado algo na sua cabeça esse texto.
Até!