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Se você navega pelas redes sociais, provavelmente passa na sua timeline, em algum momento, a “vulnerabilidade”. De qualquer forma, resolvi escrever este post. Para falar sobre a vulnerabilidade que postamos. Ou deixamos de postar.
Tentei ser breve pois me empolgo e quando vejo estou quase escrevendo um livro. Sempre acho que está incompleto. E de fato está, sempre. Começa aí a minha vulnerabilidade, rs.
Também me sinto vulnerável (lê-se insegura) – pois não sei se o que eu escrevi aqui vai fazer sentido para você. Mas bora tentar descrever objetivamente a subjetividade.
Eu mesma postei sobre o famoso discurso da pesquisadora em Empatia e Vergonha Brené Brown – The Call to Courage. Nele ela fala sobre vulnerabilidade.
E fico lendo sobre a importância de compartilharmos – online – nossas vulnerabilidades.
Mas será que o que estão postando por aí é o que tenho que postar? Aliás, preciso postar? Existiria uma forma de fazer isso? Ou é simples e estou complicando?
O feed da vulnerabilidade
Primeiramente: algumas conversas legais sobre esse tema estão se desenrolando por aí.
Um dos motivos é desconstruir as nuances dos feeds “perfeitos” do Instagram. Que são, para quem emerge essa discussão, prejudiciais para nós. Acho super importante isso. Faz sentido.
Fala-se muito sobre o recorte do que a gente posta, das fotos mega editadas, dos posts apenas de vitórias e momentos felizes.
E, compondo o feed da vulnerabilidade, tenho visto posts sobre mulheres mostrando suas celulites, a corrente pelo fim do uso dos filtros da “beleza”…
Mesmo que não venham com a marca “vulnerabilidade”, para mim é. Ora, você está exibindo características que antes fazia de tudo – de edição a poses – para esconder.
Mas claro, creio que não seja somente esses tipos de posts. O que mais você tem visto?
Mas antes, ser vulnerável é…
Na fala de Brené Brown, vulnerabilidade é “a coragem de se expor mesmo sem poder controlar o resultado”.
No Dicionário de Sinônimos, temos: fraqueza, insegurança, fragilidade.
É sobre defeitos, máscaras, coisas que queremos esconder pois julgamos feias ou repugnantes.
A etimologia do termo é por aí, embora eu tenha lido alguns estudos que comentam sobre o uso mais prioritário e original na área da saúde, se referindo a pessoas em condições de vulnerabilidade social, por exemplo, sem acesso a condições dignas de vida.
E a pandemia escancarou essa nossa vulnerabilidade intrínseca, não só no campo da saúde, mas econômico, no social, no individual – na subjetividade.
Bom, eu realmente acredito que as nossas vulnerabilidades nos conectam mais com o outro. Por experiência própria.
Quando você compartilha uma dor sua com algum amigo, ou ele também fala com você, a conversa entra num sistema fora da defensiva, fora da competição (lembrando: natural da espécie humana).
Mas nem tudo são flores. Pois entram também em cena: o medo de expor os nossos defeitos e sombras, receio do julgamento, medo de deixar de ser querido, vergonha.
E ainda soma-se o fato de trazermos isso para as redes sociais. Dos registros que deixam rastros e ficam sob olhar de tantas pessoas.
Não fica tão simples. E aí eu fico me perguntando:
Como postar a vulnerabilidade?
Li em alguns posts que vulnerabilidade não é necessariamente aparecer chorando nos stories.
Será que postar uma situação difícil, ou alguma derrota, ou suas celulites, é compartilhar a sua vulnerabilidade? É comentar dos seus erros doídos que corroem sua alma?
Forçar uma pose para mostrar todos os defeitos físicos que até então você não mostrava em pose talvez também forçada? (Forçada não num sentido negativo, apenas pelo fato de não ser uma pose mais natural e confortável para você).
Talvez sim! Mas talvez não. Porque depende de cada um. Não sei nem se tem resposta para a minha própria pergunta.
Primeiro: reforço que acho muito válidas todas as discussões de compartilhar o “outro lado” da vida.
Mas tenho a impressão de que a corda é puxada toda para este lado, e começa a se instalar um mal-estar contra e em quem está do outro lado da corda e prefere não compartilhar certas coisas.
Aí parece que tem coisas específicas da vulnerabilidade que precisam ser postadas.
Aí a vulnerabilidade passa a ser o politicamente correto e quem não posta corre o risco até de ser cancelado. Vira obrigação postar a vulnerabilidade.
E, quem não posta, é fake. Oi? Como assim?
É até cientificamente comprovado que tendemos a postar mais quando estamos felizes (em vez de tristes).
Visto que a alegria é uma emoção de alta excitação que ativa mais o Sistema Nervoso Central.
Uma possível “solução”
Talvez postar a vulnerabilidade nem seja somente sobre o postar de fato. Mas sobre o que fica pairando ao redor.
Por exemplo, parar de ver as mídias sociais somente como métricas. Pois elas são cruéis e podem acabar com sua saúde mental.
Ora, como vou deixar cair minhas máscaras? D ninguém curtir? E se tiver só comentários negativos? E se não tiver muitas visualizações meu vídeo? Repare: só métricas.
E é difícil pois as próprias redes formatam as métricas: curtir ou descurtir. Se na vida “real” às vezes isso passaria despercebido, nas mídias a ausência aplausos mexe com a gente.
E que mesmo com os recortes, estamos todo mundo no mesmo barco. Pensar isso ajuda a desenvolver mais empatia inclusive.
Talvez se apropriar da vulnerabilidade seja parar de se preocupar com seu feed “harmonizado”, diga-se de passagem: outrora super tendência e agora em queda livre.
Mas talvez não seja nada disso.
Talvez seja justamente parar de racionalizar tudo isso e seguir a vibe, o fluxo da vida, e se quiser estender para as mídias, estenda, se não, beleza.
Talvez seja seguir o feeling do momento em que você está, sem se vigiar muito, pois quando mais a gente racionaliza, mais se esvai nossa autenticidade. Adaptando a frase da grande psicanalista Vera Iaconelli.
Inclusive talvez eu esteja racionalizando demais este post. Está na hora de encerrar.
Obs: tem um texto muito bom sobre esse assunto, se quiser, só clicar aqui).
Dani! Amei o texto! Obrigada pela reflexão!!
Esses tempos andei pensando sobre isso muito, e o que cheguei a conclusão é que só o fato de termos redes sociais abertas e tudo e a todos já nos torna vulneráveis.
Em vários sentidos.
Inclusive numa vulnerabilidade de estarmos demonstrando algo que não somos e quem nos rodeia estar “ciente” disso, ou não…
A internet expôs a vulnerabilidade de famosos que, antes dela, eram endeusados na perfeição.
Mas acredito estar uma onda bem bacana de realidade de vida nas redes sociais, em pouco tempo não terá mais espaço para o “perfeito”. Assim acredito eu.
Nem vou entrar no mérito da vulnerabilidade das empresas em redes sociais, porque alongaremos aqui e faço o prefácio do teu livro! Haha! Mas estamos numa frase de transição de Era, e nesse pacote todo está a nossa vulnerabilidade em jogo.
Abração!!! =)