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Como fazer para atrair e manter a atenção do seu público na internet? Em um cenário onde não dá nem tempo de ler uma informação e já vem outra por cima? E mais outra? Onde há enxurrada de novidades por segundo, ao nosso dispor?

Neste post você vai saber mais sobre o conceito de atenção segundo a neurociência.

Além disso, também vai aprender quatro estratégias de comunicação para não só chamar a atenção do seu público, mas sustentar o processo atencional.

E já que a pauta é atenção, fiquei mais atenta do que nunca para que você leia até a última palavra deste post.

O que define atenção?

Em termos gerais, a atenção é definida na neurociência como um processo cognitivo em que se foca em alguma coisa enquanto outros estímulos que estão ao redor são ignorados.

Atenção é a habilidade de responder a determinados estímulos (este conceito tem como base o curso de Neurociência e Comunicação – ESPM que finalizei recentemente).

Portanto, vamos entender a atenção como sendo uma seleção sensorial a um estímulo em relação a outros, que ficam inibidos por determinado momento.

Quando você presta atenção em algo ou alguém, os neurônios produzem uma atividade cerebral mais forte.

Ou seja, a atenção faz com que aquilo em que estamos focados pareça mais intenso, e olha só: podemos distorcer a sua real aparência. A atenção sustentada (falarei já já sobre esse conceito) faz com que a gente processe as coisas com mais eficiência, tornando o mundo mais focado (literalmente!). É o que diz uma pesquisa da Universidade de Northwestern .

A atenção é muito discutida na neurociência

O conceito de atenção, bastante discutido na neurociência, é objeto de várias pesquisas científicas, algumas desenvolvidas ao longo de décadas.

É o caso de um estudo feito por neurocientistas do Japão. Depois de quarenta anos, publicaram os resultados, os quais eles acreditam que definem atenção.

Para os pesquisadores, o cérebro filtra estímulos importantes baseados em movimentos oculares, realizados constantemente pelas pessoas. Os movimentos, chamados de microsacadas, têm uma relação estreita com o surgimento dos efeitos da atenção.

Para o estudo, essa definição de atenção é importante pois mostra uma outra visão do conceito.

E quando a gente fala de atenção na neurociência, o foco visual realmente é muito importante. Mas atenção não depende somente do sistema visual.

Segundo neurocientistas dos Estados Unidos, o cérebro aloca a atenção com base no tamanho conhecido dos objetos, e não na forma como a gente enxerga eles, que pode ser distorcida às vezes.

Por exemplo, um carro que está à frente pode parecer maior do que aquele que está mais longe.

Interessante né? O que o cérebro faz é ajustar a visão com base em como a gente conhece aquele objeto. A pesquisa foi publicada na Nature.

A cada 250 milissegundos, você pode mudar o foco da atenção

É o que dizem pesquisadores da Universidade de Princeton e da Universidade da Califórnia-Berkeley. Em apenas UM segundo, a sua atenção muda de intensidade QUATRO VEZES!

Ou seja, a cada 250 milissegundos, o seu cérebro tem a oportunidade de reexaminar prioridades e talvez mudar a atenção.

Segundo o estudo, é como se atenção “pulsasse de dentro para fora”, alternando entre foco máximo e consciência situacional mais ampla, criando “janelas de tempo curto”. E esse processo acontece quatro vezes por segundo.

Os pesquisadores entendem isso de um ponto de vista evolutivo. Como assim? Simples (mas eu não tinha pensado!). Se ficarmos concentrados excessivamente em algo, uma ameaça pode nos pegar de surpresa. A pesquisa foi publicada no periódico Neuron.

Ainda está prestando atenção neste post?

Atenção sustentada: sabe o que significa? É definida como um processo que permite a manutenção da persistência da resposta e do esforço contínuo por longos períodos de tempo.

De acordo com o estudo acima citado, a gente não consegue sustentar a atenção por muito tempo sem cair na fadiga mental, quando há uma diminuição da eficiência da atividade cerebral.

Somado a isso, com a internet, as pessoas precisam processar grandes quantidades de informação, e a fadiga mental tem sido mais comumente relatada.

Outra pesquisa alerta sobre a redução da atenção coletiva. Segundo pesquisadores da Dinamarca e da Alemanha, a nossa atenção está se estreitando.

Isso por conta da alta competição por novidades na internet e devido à forma como a informação é produzida e consumida neste meio, resultando em uma alta rotatividade de conteúdos, e que recebem menos atenção das pessoas. A pesquisa foi publicada na Nature Communications em abril deste ano.

Sendo assim, eis a questão: como atrair e sustentar a relação entre o cérebro e o estímulo, ou seja, como chamar e manter a atenção do seu público?

Mesmo entendendo que o cenário que envolve a atenção é complexo e multifatorial, como você viu ao longo deste texto, algumas estratégias de comunicação podem ajudar! Separei quatro dicas, que valem para todas as formas de comunicação.

Dê um toque de familiaridade

Quando se quer comunicar algo, é importante familiarizar o ouvinte sobre o que você quer falar. Para que uma pessoa se sinta atraída por algum assunto, é importante que ela aquilo lhe pareça familiar.

É interessante como as pessoas se interessam por algo do qual elas se sentem próximos, e/ou pertencentes, de alguma forma.

Importante: dar um toque familiar não significa agradar necessariamente.

Talvez mostrar de cara o que aquela pessoa “ganha” ou como aquele assunto pode impactar a vida dela, por exemplo.

A sua mensagem tem que ser simples

Ser simples não é sinônimo de ser pequeno, embora nos dias de hoje a recomendação, principalmente para vídeos (dependendo da plataforma de publicação) é que não sejam muito extensos.

Ser simples também não quer dizer ser bobo, desvalorizar ou minimizar a importância daquele conteúdo.

Ser simples é ser claro, de fácil interpretação. Pode parecer clichê, mas às vezes (ou quase sempre?) é difícil ir direto ao ponto.

Ser simples também não quer dizer que vc precisa cortar tudo o que queria falar, e abrir mão por exemplo de importantes estratégias de comunicação, como o storytelling.

Mas você precisa ser muito claro na sua mensagem. Quanto mais complexa ela for, maior a probabilidade de o seu leitor desistir e ir embora.

A neurociência explica o porquê disso. O cérebro gosta de economizar energia.

Se ele tem que pensar ou raciocinar muito para entender algo, ele vai cansar e provavelmente desistir.

Uma mensagem de cada vez!

Já viu um stories repleto de texto para tudo quanto é lado? Já começou a ler um texto com tanta informação de uma vez que você desistiu de ler o restante?

Quando se quer comunicar algo, é preciso ter atenção à quantidade de informações que você quer passar e quais as partes mais importantes da mensagem.

Se é um estudo científico, divida-o em partes (de forma que a comunicação fique coerente, sem perder o fio da meada).

Por exemplo: o que foi o estudo, quem desenvolveu, quando foi a pesquisa? E objetivo dela? O que foi descoberto afinal? E de que forma a sociedade é afetada com aqueles resultados? Por quais motivos aquele estudo é importante?

Se a mensagem que você quer passar é muito complicada, fragmente-a. Pegue um papel e anote as partes.

Diversos estudos científicos corroboram a hipótese de que o cérebro não consegue executar com eficiência duas tarefas ao mesmo tempo; uma delas fica comprometida.

O que isso quer dizer? Que, partindo do próprio conceito de atenção segundo a neurociência, é importante dar um passo de cada vez.

Foque no conteúdo!

Não adianta, não tem milagre nem atalho. Essa dica é importantíssima: você precisa pensar em conteúdo qualidade.

Conteúdo relevante, interessante, que faça a diferença de alguma forma na vida das pessoas. Depois disso, você tem que saber como passar isso para seu público sem perder o foco.

Essa dica pode parecer estranha a princípio, mas acontece de algumas pessoas prestarem atenção em tudo, menos no que querem falar de fato.

Aconteceu comigo inclusive. Quando eu estava começando a apresentar telejornal, às vezes me preocupava com a posição das mãos na bancada.

E não prestava tanta atenção no que estava lendo no teleprompter (famoso TP). Resultado: meu marido, telespectador assíduo na época, disse que percebeu que eu estava um pouco desatenta. Nunca mais esqueci disso.

Ah, e quanto ao tempo? Em tempos de stories no instagram, quem vê um vídeo de 15 segundos sem apertar para o próximo está bem atento… Como disse o estudo que coloquei neste artigo, estamos ficando facilmente fadigados.

Por outro lado, quando se fala em blogs, o google tem ranqueado melhor textos mais extensos, mas detalhe importante: textos robustos, com conteúdo relevante e interessante.

Ou seja, fazer um vídeo ou texto grande não quer dizer encher linguiça, e um conteúdo não pode ser tão simplificado a ponto de comprometer a sua própria mensagem.

Portanto, a recomendação é ter bom senso com o tempo, e o principal: nunca se esqueça do conteúdo de alta qualidade!

Ah! Não se esqueça também dessa dica:

Para além dessas quatro estratégias mais técnicas, tem uma que é indispensável: pensar na autenticidade. Considero tão importante esta dica que fiz um longo artigo sobre o tema.

As pessoas percebem, de alguma forma, quando falta verdade, quando algo não parece sincero. Lembre-se:

A sua mensagem deve carregar um pouco de você. Você não deve só lançar palavras.

John Maxwell, no livro Todos se comunicam, poucos se conectam.

Achei essa frase interessante mas depois pensei: será que é possível lançar palavras que não carreguem um pouco da gente? Enfim, mais uma reflexão 🙂