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A era pós-digital já é uma realidade.

Nunca o mundo mudou tanto quanto agora, alternando o cenário competitivo, as relações pessoais, o ambiente tecnológico e os paradigmas de gestão, tudo em alta velocidade e com características exponenciais”.

Walter Longo em “Marketing e Comunicação na Era Pós-Digital: as regras mudaram”

Sábias palavras de Walter Longo, um dos grandes nomes brasileiros da comunicação e inovação.

Vivemos em um cenário em que está difícil de acompanhar tantas transformações. No “mundo” da comunicação então…

Eu diria que precisaríamos de uma Universidade da Comunicação só para estudar mais a fundo suas transformações.

Afinal, a comunicação é agora, mais do que nunca antes, considerada indispensável para uma jornada profissional bem-sucedida.

Os processos comunicacionais têm se tornado cada vez mais decisivos atualmente, já que estruturam a sociedade e ela está se transformando exponencialmente. 

Por isso neste post vou compartilhar cinco conselhos que vão te ajudar a entender melhor a comunicação na chamada era pós-digital.

Para começar, fato é que as regras mudaram para todos nós. E não estou me referindo apenas aos comunicadores profissionais.

Afinal, cada um de nós é hoje também um comunicador e, independentemente da profissão, um veículo de informação.

Bom, antes de falar sobre os cinco tópicos que compõem a comunicação na era pós-digital, entenda primeiro: 

Pós-digital?

O termo “pós-digital é amplamente discutido, sendo entendido como um desencantamento com sistemas de informação digital e dispositivos de mídia, já que agora eles já assumem uma posição dominante nas nossas vidas.

Em outras palavras, não há mais – ou pelo menos não deve haver – aquela magia diante dos dispositivos tecnológicos.

Essa associação tem se mostrado velha, pois a tecnologia já está inconscientemente entranhada no cotidiano, sendo tomada como algo garantido. Tanto é que a gente só nota que existe internet até que falte a Wi-fi.

Walter Longo define a era pós-digital como

Um novo momento onde o que era novidade virou commodity e o que fascinava ou amedrontava agora é lugar-comum.

O pós-digital também é analisado como um tipo de mudança em curso constante, e não o fim de uma era e o começo de outra, como pode dar a entender o prefixo “pós”.

Essa discussão levanta outra questão de que não basta mais só utilizar ferramentas digitais, mas de possuir uma alma digital.

Alma digital é também entender os meios como extensão de nós, acostumar-se com trabalho digital, reuniões via teleconferência etc. É internalizar que as profissões do futuro são, em sua grande parte, digitais.

Além disso, ainda sobre o pós-digital, para alguns, não há mais noção de “novo”, já que as tecnologias estão sendo absorvidas de forma tão natural que as narrativas de inovação têm se tornado imperceptíveis, assim como a disrupção decorrente dos processos tecnológicos. 

Fato é que gente tá dentro do caldeirão de mudanças e não consegue enxergar muitas delas.

Só um parêntese sobre o conceito de digital 

Toda hora a gente ouve a palavra “digital”. Para alguns pesquisadores, o termo é erroneamente entendido, e deve ser percebido sobretudo como algo dividido em unidades exatamente contáveis. Ou seja, para ser digital não é necessário ser eletrônico nem envolver alguns zeros e uns binários.

Também não precisa ser conectado a computadores eletrônicos ou a qualquer outro tipo de dispositivo computacional.

O mesmo vale para a definição de tecnologia, que “não se relaciona apenas com a tecnologia que incorpora no produto, mas também está associado ao conhecimento ou informação de seu uso, aplicação e processo no desenvolvimento do produto”.

Então, para este post, dadas as ressalvas conceituais, vamos entender o pós-digital associado ao universo da comunicação em rede on-line, que se estabelece a partir das máquinas.

Agora, vamos aos cinco pontos da comunicação na era pós-digital.

Eles não são “exclusivos” dessa era, no entanto, se não considerá-los, será difícil estabelecer uma comunicação bem-sucedida nesses “novos” tempos.

Portanto, leia com atenção o que eu escrevi nas próximas linhas 🙂

1. Repense constantemente a forma de se comunicar na era pós-digital

Hoje todos estão no controle de sua própria formação, o que a Unesco, em relatório publicado em 2019, chama de tremendo empoderamento individual, já que as ferramentas tecnológicas nos propiciam, a princípio, uma existência mais rica, maior liberdade e mais meios de agir.

Por outro lado, na era da internet, a comunicação se estabelece de maneira cada vez mais caótica. Muitos meios, milhares de informações a todo segundo, imprevisibilidade.

Assim sendo, com tantas tecnologias e possibilidades de comunicação, você pode ficar perdid@. Então é imprescindível se atentar a essas três perguntas:

O que eu quero comunicar, para quem quero falar e por onde vou fazer isso?

Então, saber administrar as infinitas oportunidades de conseguir a atenção das pessoas é fundamental.

Não podemos esquecer jamais de focar na mensagem que queremos passar, que deve carregar sempre o propósito, os valores de cada pessoa ou marca.

Se é que existe diferença entre esses dois últimos. Recentemente fui a uma palestra que reforçou a todo momento que a principal marca é você mesmo.

2. Produza conteúdo relevante e autêntico

Walter Longo diz: “cada consumidor é também veículo de informação que, dependendo de sua rede de relacionamentos virtuais, pode ter maior ou menor capacidade de atingir pessoas, de viralizar opiniões”.

Basta uma olhada superficial no Instagram, por exemplo, que veremos uma grande quantidade de influenciadores digitais, os chamados digital influencers

E agora tem os influenciadores virtuais. Sabia dessa? Eles são pessoas geradas pelo computador, não são humanos. Mas têm milhões de seguidores humanos.

Mas, voltando: todos hoje podemos produzir e divulgar nosso próprio conteúdo.

Por outro lado, há uma infinidade de dados e informações disponíveis na internet, em caráter público. Mas, ao mesmo tempo, muito desse conteúdo não encontra público.

Contraditório, não? Então, está claro que não basta só postar coisas, é essencial buscar meios de garantir que o que você comunica seja interessante faça a diferença na vida das pessoas.

Na internet, principalmente, conseguir alguns poucos segundos da atenção das pessoas não é nada fácil.

Logo, quem quer se diferenciar precisa construir uma estratégia de comunicação que contenha conteúdos úteis e relevantes, com um detalhe importante: autênticos. É justamente a sua originalidade que te distingue dos demais.

Mas como fazer isso? O que é ser autêntico? Neste post você vai entender.

Ah, outra coisa interessante é o que Walter Longo chama de IPC: Índice de Potencial de Conteúdo.

Por exemplo, o tema “falar bem em público” tem um IPC maior do que “teorias da comunicação”.

Portanto, se você acha que seu conteúdo tem baixo IPC, não se preocupe. Invista em estratégias como o storytelling para chamar a atenção do seu público.

3. Era pós-digital: seja um nexialista

Como assim, nexialista? Não é especialista em alguma coisa, e nem aquele que tenta saber de tudo um pouco.

Nexialista é uma pessoa que sabe “destrinchar a complexidade”, que consegue “integrar, de maneira sinérgica, complementar e sequencial as várias disciplinas que compõem o conhecimento humano de modo que as coisas e atividades façam nexo entre si” (Walter Longo).

Ou seja, não podemos esquecer que, por mais que aprendemos, na escola, as disciplinas de forma separada, tudo está sempre interligado.

Mas, fazer esta relação na prática pode ser um desafio. Porém precisamos ser cada vez mais nexialistas!

Um exemplo: na comunicação, seja ela interna na empresa, ou para com outros públicos de interesse, todos podem colaborar com projetos e discussões, e não somente os especialistas na área.

Pelo contrário, já percebeu como alguém “de fora” do contexto consegue enxergar as coisas de maneira muito mais clara do que quem está dentro?

Além disso, o nexialista tem uma visão mais abrangente, mas não por isso superficial.

Logo, nesse cenário marcado por uma comunicação anárquica, no sentido de haver muita informação aparentemente desconexa a todo segundo, saber filtrar, gerenciar e conectar os pontos é indispensável.

4. Não se esqueça que a vontade de se conectar continua

Se tem uma coisa que não envelhece é a nossa vontade de comunicar e de se conectar com os outros. 

Seja no mundo offline ou on-line (se é que esta separação ainda faz sentido), esse desejo não deve diminuir.

A conexão que eu digo aqui vai muito além de se conectar na rede wi-fi. Falo de uma conexão mais profunda, uma sintonia com os outros e especialmente com você mesmo.

Talvez, o que acontece em meio a tantas mudanças é que as pessoas vão se adaptando à efemeridade característica da era pós-digital.

Mas sempre tenha em mente que a comunicação perpassa todas as mudanças, ela não vai desaparecer. Pelo contrário.

5. Lembre-se de que não adianta resistir ao novo

Com as respectivas ressalvas do termo “novo”, e que tão rápido se torna velho, vou encerrar este post com um texto que gosto muito. É do livro “Oportunidades disfarçadas”.

Abra bem os seus olhos e ouvidos para o que está escrito a seguir:

“Alguns temem o novo. Porque ele ameaça o estabelecido, contesta as convenções. Desafia as regras. Alguns evitam o novo. Porque ele traz insegurança, estimula o experimento, convida à reflexão. Alguns fogem do novo. Porque ele nos retira da confortável posição de autoridades. E nos obriga a reaprender.

Alguns zombam do novo. Porque ele é frágil, não foi consagrado pelo uso. Mas essas pessoas se esquecem que tudo o que é hoje consagrado um dia já foi novo. Alguns combatem o novo. Porque ele contraria interesses, desafia os paradigmas. Não respeita o ego, despreza o status quo.

Mas tudo isso é inútil. Porque a história da humanidade mostra que o novo sempre vem. Por isso, recicle seus pensamentos, reveja seus pontos de vista. Atualize suas fórmulas, seus métodos, suas armas. Senão você será sempre um grande profissional. Um sujeito muito preparado para lutar numa guerra que já passou.”

É isso! Precisamos aprender, desaprender e reaprender sempre.

Ter a ciência de que a única coisa permanente é a mudança.